ATA DA OITAVA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 03.05.1990.
Aos três dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Oitava Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. João Lauro Kliemann, concedido através da Resolução nº 1034/90. Às dezessete horas e três minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Wilson Santos, autor da proposição e, na ocasião, Secretário “ad hoc”; Sr. João Lauro Kliemann, Homenageado; Srª Zilda Kliamann, Esposa do Homenageado; Dr. Sarandi Batto, representando o Presidente do Rotary Internacional; Dr. Alberto Dietrich, Governador do Distrito 467 – Rotary Internacional; Dr. Gilberto Sica Gastaud, Governador do Distrito 468 - Rotary Internacional; e, Dr. Arno João Frantz, Prefeito do Município de Santa Cruz do Sul. A seguir, o Sr. Presidente fez um pronunciamento alusivo à solenidade e, após, concedeu a palavra ao Ver. Wilson Santos que, em nome da Casa, salientou ser homenageado detentor de vários cursos de especialização na área econômica, destacando sua atuação como fundador de empresas. Registrou, ainda, sua destacada atividade no esporte e a larga folha de serviços prestados à coletividade através de seu desempenho nas variadas funções exercidas no Rotary Club. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes a, de pé, assistirem à entrega, pelo Ver. Wilson Santos, juntamente com os netos do Homenageado, do Título Honorífico de Cidadão Emérito. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu a homenagem conferida pela Casa. Às dezoito horas, o Senhor Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Wilson Santos, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Wilson Santos, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estando abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, concedemos a palavra ao Ver. Wilson Santos, que falará em nome da Casa.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs Vereadores, demais presentes, que conseqüentemente, com suas presenças, engrandecem este ato solene de justa homenagem.
Quero inicialmente dizer que falo em nome das Bancadas do PCB, PTB, PMDB, PT, PFL, PDS, PSB, PDT, além do Partido Liberal o qual represento. Inclusive, quero registrar dois pedidos especiais, do Ver. Artur Zanella que estava com o discurso pronto e teve um outro compromisso de última hora. O Ver. João Antonio Dib, do PDS, foi convocado para uma reunião de emergência do PDS, quem sabe para resolver se o Marchezan concorre ou não, mas ele fez toda a questão em dizer que faria todo o possível de estar aqui às 17 horas, se ele não estivesse presente que eu registrasse o empenho dele para estar presente. O Ver. Vicente Dutra, que teve que viajar, rotariano de quatro costados, também pediu que eu registrasse a impossibilidade da presença dele.
Este momento se reveste de uma importância significativa para Porto Alegre, porque o expediente que tem ao seu alcance, os Vereadores, permite que venhamos a destacar da sociedade, da nossa comunidade, pessoas que pela reunião de méritos, está capacitada a merecer a homenagem que é fruto da democracia representativa; são 33 Vereadores que representam o povo de Porto Alegre, e o Título de Cidadão de Porto Alegre foi decidido por unanimidade, curvados, os Vereadores, e a Cidade de tão alto mérito.
E para que possamos justificar este mérito, passei a fazer algumas colocações, não pretendo um discurso acadêmico, procurei ver, especialmente naquela atividade de doação à sociedade que marcou parte da vida de João Lauro e fixei nos olhos, no dia 23 de fevereiro de 1905, quando Paul Percy Harris fez a sua primeira reunião, na sala 711, da Rua Derbom, 127, em Chicago. Este jovem, de bons princípios, advogado íntegro, alegre, otimista e comunicativo, tendo saído de uma cidade interiorana e pacata, se sentia isolado no que ele dizia ser uma selva de pedra, a cidade de Chicago. Ele, nesta corrida que dei pela história rotariana, ele estava agoniado por ver a existência de larga corrupção. Pois aquilo que nós, homens de bem, temos aversão hoje, nestes dias tão competitivos e apressados, em 1905, em Chicago, era uma preocupação de Paul Percy Harris: sentia saudades ele da sua Cidade natal. E ele sentia saudades da maneira correta de como os cidadãos da sua Cidade natal agiam e como se conduziam e do salutar convívio com os amigos e com os familiares. Na troca de idéias com respeitáveis homens de negócios e profissionais decentes que existiam em Chicago Paul Harris conjecturava se poderiam eles sobreviver àquelas circunstâncias adversas em Chicago. Foi dentro desse contexto que ele imaginou então um clube, uma associação, um grupo, enfim, de homens que estivessem sentido o mesmo vazio em suas almas e o mesmo vazio em suas vidas e expôs uma idéia a um engenheiro de minas, a um comerciante de carvão e a um alfaiate. E eles, já que semelhante atrai semelhante, viviam o mesmo drama, eles queriam viver a decência e viam que estavam cercados de um certo contingente de indecência e corrupção já no mundo daquela época. E foi com Gustav Loher, engenheiro de minas, dono da sala 711, com Iram Schoren, alfaiate e com Silvestre Schiling, distribuidor de carvão, que fizeram a primeira reunião. E, fugindo do convívio dos degradantes, passaram a fomentar um ideal, qual seja o ideal de servir, mas servir baseado em empreendimentos dignos, desenvolvendo um companheirismo e uma amizade, reconhecimento total ao mérito de toda a ocupação útil que venha a difundir as normas da ética profissional, a melhoria da comunidade, pela conduta exemplar de cada um na vida pública e particular. A aproximação de profissionais de todo o mundo, consolidando boas relações, cooperações entre as Nações, sempre com os olhos fitos na promoção da paz. Pois, meu caro João Lauro Kliemann, nosso homenageado, aquilo que idealizou, em 1905, e uma realidade tangível e inconteste, o Rotary está em mais de 160 países e tem um grupo de homens que o Rotary - hoje associados às mulheres, já que foi feita esta abertura, esta possibilidade no Rotary - conta com mais de um milhão de participantes. Vejam o tamanho do Rotary e a força de um ideal concretizado numa realidade. Pois, inobstante ao que eu vou colocar agora, da atividade rotaria de João Lauro Kliemann, eu vou depois somar o seu exemplo de atividade econômica e de atividade esportiva. E eu até disse que não faço um discurso acadêmico e realmente pincei algumas coisas, eu começaria a mostrar a importância do exemplo de João Lauro Kliemann nas suas atividades econômicas, pois ele, graduado em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com vários cursos de especialização, fundou em 1943, a Climaco, Material Farmacêutico Hospitalar Ltda.; mais tarde fundou a Produsa S/A, que com a Climaco, Santa Catarina Ltda. e a KLM Construções e Incorporações Ltda. formam um conjunto de empresas das quais é o seu titular. Exerce João Lauro Kliemann, a Vice-Presidência da Associação Comercial de Porto Alegre, desde 1976, tendo sido por muitos anos Delegado da Associação Comercial e Industrial de Santa Cruz do Sul, junto ao Conselho Deliberativo da Federasul. Foi Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, nos biênios 76/77 e 78/79, sendo que em 1980 passou a integrar o Conselho Superior Consultivo, integrou o grupo de trabalho e o grupo de coordenação das três Câmaras Alemãs no Brasil, hoje Conselho de Câmara de Comércio Brasil-Alemanha; em sua gestão foi firmado o acordo entre o Brasil e a Alemanha para formação profissional de ferramenteiros e matrizeiros, supervisores de primeira linha com o SENAI, em São Leopoldo. É Vice-Presidente responsável pelo Conselho de Câmara do Comércio Exterior da Associação Comercial de Porto Alegre e vogal da Junta Comercial do Rio Grande do Sul. Evidentemente que o currículo de João Lauro Kliemann é mais extenso, mas nós estamos num público com capacidade de assimilação e discernimento tal que deu para medir a valoração deste homem na sua atividade econômica, na sua atividade profissional.
Mas não paramos aí. Foi um exemplo e é um exemplo ainda de atividades esportivas. Quando estudante foi campeão brasileiro de atletismo, 1939 e 1941, e integrante de equipes nacionais em campeonatos sul-americanos no Peru, Chile e Argentina. Atualmente dedica-se ao golfe e é como sênior campeão brasileiro da categoria 1622, este jovem que está aqui sendo homenageado. Na Sogipa, Sociedade Ginástica de Porto Alegre, foi admitido como sócio em 1936, sócio laureado em janeiro de 1941 por sua destacada atuação no departamento de atletismo, conselheiro desde 1950, sendo membro nato do Conselho Deliberativo. Diretor de Departamento e membro de inúmeras comissões permanentes onde teve destacada atuação, Presidente do Conselho Deliberativo 1983/1984, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo 1963/1966, membro do Conselho Superior da Sogipa. Outro fato que leva uma marca indelével, não tem como apagar, porque é um grifo marcante na vida do nosso homenageado. (Lê.)
“Atividades Rotárias. Ingressou, em 02 de agosto de 1957, no Rotary Club de Porto Alegre-Norte, mantendo freqüência 100%. Presidente em 1968/1969, quando foi adquirida a sede própria do Clube e foi oficializado o Boletim Semanal ‘A Ponte’.
Governador em 1972/1973, desde então atua ininterruptamente em Comissões do Clube e do Distrito 467. Em sua governadoria foi criado o Distrito 466.
No Rotary Internacional, foi membro da Comissão Permanente de Publicações no ano rotário 1973/1974; foi da Comissão da Juventude em 1975/1976; foi da Comissão de Indicação do Presidente do Rotary Internacional, em 1978/1979; foi Instrutor de Governadores na Assembléia Internacional de Boca Raton, em 1976; membro dos Conselhos de Legislação de Boston, em 1972; Mônaco, em 1983; Chicago, em 1986. Foi Presidente do Comitê Inter-Países Brasil-Alemanha, promovendo visitas de grupos de casais de rotarianos à Alemanha, em 1980, e a vinda de grupo alemão, em 1983. Foi chefe de Grupo de Estudos da Fundação Rotária do Distrito 467 à Alemanha, em 1979.
Foi distinguido com dois prêmios da Fundação Rotária por ‘Serviços Meritórios’ e por ‘Serviços Eminentes’. É o único gaúcho agraciado com o título de Benfeitor da Fundação Rotária para o Fundo de Dotações.
Dirige a Comissão da Fundação Rotária Distrital há vários anos. Representou o Presidente do Rotary Internacional em várias conferências no País, no Uruguai e Argentina.
Participou de todos os institutos nacionais e sul-americanos e das Convenções Internacionais de Houston, Nova Orleans, Montreal, Roma, São Paulo, Filadélfia e Seul.
Foi eleito, em 1986, para o cargo de Diretor da ‘Board’ do Rotary Internacional; no exercício de 1988/1990, para o Zona 2 da Sacama.
Além deste alto cargo rotário, é Presidente do Comitê de Auditoria e membro do Comitê de Finanças do Rotary Internacional.”
Acredito que não haja necessidade de se dizer mais nada. Entretanto, forçoso é que se conclua este pronunciamento. E eu volto ao ideal de Paul Percy Harris, onde ele citava o ideal na melhoria da comunidade pela conduta exemplar de cada um na sua vida pública e na sua vida particular.
Eu acredito que Paul Harris, ao pretender um mundo melhor, ele pensava em homens como João Lauro Kliemann. Ele pensava em pessoas, como todos nós que estamos aqui neste momento, eu repito, semelhante atrai semelhante, e num caminho que nos aponte para interação social, para o aperfeiçoamento, não pode passar por outro caminho, senão o caminho do exemplo. Eu na inspiração que peço, eu evoco palavras da própria Bíblia, que diz o seguinte: “Pelas carreiras direitas te fiz andar, por elas andando não te embaraçarão os teus pés e, se correres, não tropeçarás.” Por isso que este jovem - e repito jovem -, porque a juventude não é um período de vida, a juventude é um estado de espírito. Os anos vividos podem enrugar a nossa pele, mas o que pode enrugar a alma é a renúncia, é o desertar de ideais. E quem não deserta e nem renuncia os ideais tem a alma jovem, por isto este jovem, a exemplo da Bíblia, pode correr porque não se embarçarão os seus pés e não tropeçará porque é um digno exemplo de homem. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O nosso homenageado é tratado, por alguns
amigos e companheiros, por João Lauro, João ou Lauro ou Kliemann. Mas, na
verdade, ele deve ter tropeçado como agora, após ultrapassar algumas fitas,
lutando, chutando o chão. Quando não conseguiu pela primeira vez, tentou a
segunda, a terceira, mas já ultrapassou muitos obstáculos com estes amigos que
estão aqui presentes. É muito difícil nas nossas reuniões estarmos com a Casa
repleta e se nota no olhar de cada um o carinho que se tem com o nosso
homenageado, João Lauro Kliemann.
Eu
gostaria de convidar os netos do homenageado para, juntamente com o Ver. Wilson
Santos, fazerem a entrega do Diploma. (Lê texto contido no Diploma.)
Com
muito prazer convido todos para, de pé, assistirmos a entrega do Título ao nosso
homenageado.
(É
procedida à entrega do Título.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao nosso homenageado,
João Lauro Kliemann. Queira, por gentileza, fazer uso da tribuna.
O SR. JOÃO LAURO KLIEMANN: Meu caro amigo, Presidente desta Câmara
Municipal de Porto Alegre, Dr. Valdir Fraga; demais Vereadores componentes,
alguns meus amigos, também, que por circunstâncias especiais aqui não se
encontram; componentes de Mesa, dentre os quais destaco, em 1º lugar, Zilda,
minha companheira de 46 anos; meu amigo de infância João Frantz, Prefeito
Municipal de Santa Cruz do Sul; representante do Rotary Internacional, Sarandi
Batto, que se encontra aqui para a Conferência Distrital que se inicia amanhã,
e, por uma feliz coincidência nos encontramos aqui hoje; meu caro Governador do
Distrito 467, nosso amigo Dietrich; e do Distrito 468, o Sica Gastaud, de
Pelotas.
Como
sabem, eu nasci em Santa Cruz do Sul. Quero saudar, neste momento, em nome de
Zilda, as esposas dos governadores aqui presentes, Ester, Iza, e demais
senhoras que engalanam esta reunião, minha irmã Nany e Julita, que aqui se
encontram. Meus companheiros rotarianos, representante da Associação Comercial,
Lírio Generale. Demais representantes, companheiros e amigos.
O
Ver. Wilson Santos foi por demais generosos na sua apresentação, porque tem um
ditado que diz: vocês contam os tragos que tomei, mas não os tombos que levei.
Então, não vou também falar dos tombos, mas vou referir alguns detalhes desta
minha vida em Porto Alegre, onde aportei em 1934 e certamente poucos dos
presentes lembram que naquele tempo se vinha de trem, se desembarcava em Santo
Amaro, em Amarópolis, tomava-se um navio chamado Porto Alegre, aportando em
Porto Alegre, no portão central, com uma belíssima visão sobre o Guaíba, e o
famosos pôr-do-sol das 17 horas, um espetáculo que guardei para toda a minha
vida. Em 1934 cheguei com destino ao
internato do Colégio Rosário, e cheguei no horário do estudo. Quando ingressei
para cumprimentar o Prefeito, que estava sentado, alguém, de trás gritou: “aí,
palito”, e aí estava o meu apelido para aquela fase da minha vida, porque era
magro mesmo, tanto que meu irmão disse que deveria fazer esporte: “vá remar no
Barroso”. Mas os fatos foram diferentes, a experiência do remo foi curta, notei
que não era possível. Lembrei que tinha pernas compridas, e fui à Sogipa, e lá
em um ano e pouco, estava em condições, e o Ver. Wilson já referiu a minha
atuação nessa área, da qual guardo as melhores recordações. Lá encontrei o meu
companheiro de trabalho, com o qual fundei uma firma, e as minhas atividades
econômicas iniciaram-se - já tinha terminado a faculdade -, e foi de uma
maneira modesta: pouco capital e muito trabalho. É a história de 5% de
inspiração e 95% de transpiração, mas alcançamos o sucesso. Diziam, olha que
não tem aparecido firma que dure. Mas nós acreditamos, e graças aos meus
filhos, principalmente ao José Augusto, as empresas progrediram. O outro está
dirigindo uma empresa, Kliemann Construções e o João Nicolau, nome do meu pai,
está atualmente atuando na Prefeitura em Santa Cruz do Sul, voltando, portanto,
às origens.
Falando
em João Nicolau Kliemann, meu pai, atuou ele na carreira política também.
Naquele tempo, não se chamava Vereador, eram Conselheiros Municipais, os homens
eram escolhidos mais ou menos pela posição social que ocupavam. Daí ele passou
a Vice-Prefeito, Vice-Intendente, um dos meus irmãos foi também Vereador,
depois Deputado Estadual e o outro era Presidente do Partido e Prefeito
Municipal. Mas realmente a minha atividade voltou-se um pouco para uma área
mais condizente com a minha maneira de encarar as coisas. Não me atraía a
atividade política depois de um problema acontecido com meu irmão mais moço,
Deputado Estadual, em 1962, firmou a minha posição já assumida de atuar na área
de Rotary Internacional para a qual eu tinha sido convidado poucos anos antes.
Na minha atividade profissional sempre achei que podemos atuar e progredir
obedecendo a nossa prova quádrupla, e a prova quádrupla fala em se é verdade,
se é justo para todos, se faz amigos e se é útil para a coletividade. E tenho
certeza de que isso pode ser feito através de atividades econômicas, porquanto
nós vivemos num País de economia aberta e temos todas as possibilidades de
progredir. Nosso Estado está, nesse sentido, um pouco adiante de outras áreas
do País.
Eu
venho agora de uma pequena viagem a Manaus e constatei que realmente lá existe
um progresso extraordinário, mas financiado, mantido pela Nação, por subsídios,
por proteção alfandegária, e resta uma forma de fixar aquelas pessoas naquele
lugar, porque não só o calor, mas o ambiente não é muito apto para a população,
tanto assim que os índios se sentem um pouco melhor que os demais habitantes. E
muitos deles são imigrantes que lá se fixaram e são os brasileiros que agora
estão tocando. Mas, voltando rapidamente à nossa atividade, aliás, o Wilson
soube, de uma certa forma, esmiuçar a minha vida que pouco sobrou para contar a
vocês.
Mas
eu diria que na atividade esportiva eu tive ocasião de firmar a personalidade.
Parece-me que sempre é interessante que haja sucesso na atividade para firmar
personalidade e daí partir para o progresso. Realmente eu devo dizer que isso
aconteceu através do esporte, da minha atividade esportiva, que fez com que o
magrinho daquele tempo pusesse também se tornar campeão. Eu digo se isso é
possível na área esportiva, eu posso fazer qualquer coisa em qualquer área. Por
isso quando me lancei na atividade comercial, eu me filiei imediatamente e a
nossa empresa, à Associação Comercial de Porto Alegre, que eu considero uma
entidade que leva não só a atividade econômica, mas também, a atividade à
comunidade. Nós trabalhamos e agimos, por exemplo, no Conselho de Tráfego do
DAER, onde mantemos um delegado permanente. Enfim muitos serviços à comunidade
são prestados através da Associação Comercial e a Federação – Federasul -, que
atualmente é o congraçamento de todas as associações comerciais do Estado. Na
atividade também correlata que é a das Câmaras de Comércio.
Falou
o meu amigo Wilson, na Câmara de Comércio Brasil-Alemanha. Talvez pela minha
origem, porque sou descendente, em terceira geração, de alemães, e mamãe também
era. Quero prestar um preito de homenagem a este casal que fez possível a minha
vinda aqui e fez possível o que hoje aqui assistimos: a concessão do título de
cidadão de Porto Alegre, que eu aspirei desde 56 anos atrás, quando aportei
aqui. Acho que conquistei através desta atividade constante em várias áreas
ecléticas, talvez, mas possível porque a família era grande. Quando um não
estava, estava o outro, e nós íamos levando a coisa com sucesso.
Ainda,
neste sentido, quero referir dentro da atividade do Rotary Internacional, onde
tive um invulgar sucesso, talvez pela maior dedicação, mas certamente também
pela boa vontade sempre encontrada com os companheiros. É um dos apanágios dos
rotarianos de serem amigos uns dos outros, embora não se prevaleçam desta
amizade para vantagens econômicas, e esta é uma das características da
instituição. Mas não deixa de ser, de uma certa forma, tranqüilo quando se tem
as costas quentes com tantos companheiros, não só locais como também em todo
Estado onde fui feliz em criar mais um distrito, e agora mais dois, passando de
dois para cinco, onde eu pude avaliar melhor aquela amizade que depois eu
encontrei na atividade distrital como governador, e depois atuando em entidades
internacionais, principalmente na minha capacidade de representante na Comissão
de Serviços da Juventude. Eu estava numa reunião em Chicago e não conhecia a
cidade e resolvi, porque a sede do Rotary é um pouco distante – 30 km -, decidi
conhecer mais de perto o 1º Clube de Rotary , o fundado em 1905, que o Wilson
aqui referiu, o Rotary On. Eles fazem
questão de ter este nome e são 300 e tantos companheiros. No meu caminho, à
reunião-almoço, eu me deparei com uma livraria e um livrinho exposto com certo
destaque, era sobre liderança. Eu tinha feito um curso de pós-graduação sobre
liderança e me interessei em alguns detalhes, me fixando no final daquele
livrinho, onde falava sobre os cinco “Cs”, que representam os pontos críticos
das lideranças. Esses cinco “Cs”, eu tive a oportunidade de apresentá-los na
última assembléia internacional, em Dallas, agora, em março de 1990 – o
Emirges, aqui, foi um dos governadores entrantes que lá se encontravam e também
o nosso companheiro Larry Hidner – quando falei sobre liderança. Eram mil e
poucas pessoas no plenário, e tive que me pronunciar em inglês. Ajudaram-me as
lições de inglês que recebi, depois do colégio, com um professor inglês, as
leituras constantes que fazia depois, e as oportunidades de falar com outras
pessoas. Isso me ajudou no sentido de apresentar aquela alocução sobre
liderança, que é uma das principais para os governadores distritais. Então,
lembrei-me dos cinco “Cs”, e não vou deixar de apresentá-los a vocês. Por
acaso, em português, as palavras correspondem às inglesas: cordialidade,
clareza de propósitos, coragem, convicção e calma. Na coragem, eu citei Winston
Churchil, que dizia: “Sucesso nunca é final; fracasso nunca é fatal; coragem é
que vale”. E Winston Churchil deve saber, porque ele passou maus bocados na sua
vida e exerceu liderança que até hoje é lembrada. Por isso, companheiros, neste
momento, estou-me dirigindo a vocês todos como companheiros que são, senão rotarianos,
companheiros na vida que temos nesta bela cidade de Porto Alegre, da qual agora
sou Cidadão, oficialmente, levei 56 anos, mas valeu a pena.
Eu
agradeço, em primeiro lugar, ao Wilson Santos e ao Rotary Club Sarandi que
tomaram esta iniciativa. Agradeço de coração a presença de tantos amigos. Vejo
aqui a presença de meu companheiro da Varig, que tanto utilizo ao longo desses
meus dois e meios últimos anos, porquanto, praticamente vinte e cinco semanas
do ano estou ausente de casa, mas sempre, felizmente, acompanhado de minha
esposa. Espero, não pela minha idade, mas pela bondade dos amigos, de ainda ter
alguns anos de ação. Portanto, é esta que vale, em prol dos nossos ideais. Os
ideais são os do Rotary, mas também são os ideais de todo o cidadão de Porto
Alegre, de que esta Cidade prossiga firmemente, mas em condições de ser modelo
para as demais, e ela tem tudo para isto. Temos que, realmente, alterar talvez
um pouco nossa maneira de ser, deixar de tirar vantagem em todas as situações,
que nunca conduz a nada, ou então insistir de que Deus é brasileiro, os
ingleses dizem que é inglês, os alemães eventualmente dizem que é alemão, os
italianos, certamente, tendo o Papa, dizem que é deles. Deus é de todos e
acredito que ele olha para nós e diz: “Dei tanta coisa boa para aquele País,
para aquela natureza e o povo não está ajudando”. Temos que ajudar.
Agradeço
a todos por esta oportunidade de dizer, de falar do coração, agradecer a todos
que aqui se encontram presentes, ao meu Prefeito, ao Presidente da Câmara, os
meus Governadores, representantes do Rotary Internacional, Presidentes,
Governadores, colegas, amigos, senhoras, senhores, os meus netos e a minha
família. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Assim, nós encerramos os trabalhos,
agradecendo a presença de todos.
(Levanta-se a Sessão às 18h.)
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